sábado, 13 de agosto de 2011

algo no ar: A Química e os perfumes

Não se sabe ao certo quando surgiu o conceito de perfume, cuja palavra deriva do latim per fumun ou pro
fumun
, que significa ‘através da fumaça’.
Os produtos odorantes empregados na composição de um perfume são classificados segundo seus aspectos olfativos. Uma divisão geral muito utilizada se baseia em oito grandes grupos: frutais, florais, verdes, condimentados (ou especiados, que lembram especiarias), marinhos, amadeirados, almiscarados e ambarados.
Com tantos materiais fragrantes à disposição dos perfumistas, os perfumes disponíveis no mercado, atualmente, têm os mais diversos cheiros e agradam a gostos variados. No entanto, para um leigo, escolher um perfume por meio de suas classificações técnicas pode não ser uma tarefa simples. Pela combinação dos grupos olfativos, os perfumes passam a pertencer a diferentes linhas (ou famílias). Para os femininos, por exemplo, há os florais, florais-frutais, orientais – que têm aromas condimentados, além de amadeirados, entre outras nuanças –, orientais-florais, florais-frutais-amadeirados etc. Entre os masculinos, predominam as fragrâncias mais encorpadas, muitas das quais amadeiradas e acompanhadas de aspectos mais frescos, como os amadeirados-frutais, amadeirados-especiados.
Aspecto importante na química dos odorantes está relacionado à questão das impurezas. No processo de síntese de um produto, é comum serem gerados subprodutos, indesejáveis, e que devem ser removidos para atestar a alta pureza da substância que se quer produzir. Essa etapa onera o custo de produção. No caso de substâncias odorantes, é comum que os subprodutos afetem o odor do produto principal. Isso não é incomum na química da perfumaria e, mesmo em pequeníssima concentração, alguns subprodutos podem descaracterizar o aroma desejado, reduzindo sua qualidade – aliás, concentração e intensidade de odor não têm correlação direta.
Essa questão tem fortes implicações no caso de materiais fragrantes quirais. A quiralidade é uma propriedade interessante que a natureza nos apresenta. Veja, por exemplo, nossas mãos. Observe-as com as palmas para cima. Se desconsiderarmos suas imperfeições, as mãos têm o mesmo formato e igual afastamento entre os dedos, ou seja, são iguais, exceto pelo fato de que, quando dispostas uma sobre a outra (ambas com as palmas para cima ou ambas com as palmas para baixo), não se sobrepõem. Com as palmas voltadas para cima, o polegar direito aponta para a (nossa) direita, e o esquerdo, para a (nossa) esquerda. As mãos só se sobrepõem quando colocamos palma contra palma – é o que acontece com a mão e a imagem dela no espelho. A essa relação chamamos quiralidade.
No olfato, essa diferenciação é quase corriqueira. Moléculas com os mesmos elementos químicos, dispostos no plano com a mesma relação de afastamento, mas com arranjos espaciais diferentes – chamamos essas espécies de enantiômeros –, são capazes de disparar sensações olfativas distintas em nosso organismo e nos animais em geral. Quimicamente, essa questão é de grande complexidade e gera difi culdades na hora de sintetizar cada uma das espécies puras. A síntese de produtos quirais – seja para a produção

Leia mais em: http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/283/pdf_aberto/haalgonoar283.pdf


Extraído de:
Rezende, C. M. Há algo no ar: a Química e os perfumes. Ciência Hoje, jul. 2011. 


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